A administração pública deve ser pautada na transparência e na eficiência, mas o atual prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga, parece ter adotado uma estratégia diferente: um governo baseado no espetáculo digital. Seus vídeos viralizam nas redes sociais, conquistam engajamento fora da cidade, mas localmente sua popularidade começa a ruir diante da realidade cotidiana da população.
Comerciantes e moradores reconhecem que parte do que é mostrado nos vídeos tem fundamento – há, de fato, carregadores para celulares, bicicletas compartilhadas e um discurso populista sempre presente. No entanto, quando se trata de problemas estruturais, como segurança, saúde e transporte público, a cidade vive um verdadeiro caos. O marketing agressivo do prefeito mascara as dificuldades enfrentadas no dia a dia dos cidadãos.
Desde o início da gestão, alertas foram feitos sobre a necessidade de construir um governo sólido, com projetos eficazes e voltados para resolver os problemas reais da população. No entanto, promessas de campanha ficaram no vazio: milhares de moradias prometidas, nenhuma entregue; policlínica anunciada, sem avanços concretos; hospital veterinário garantido, mas inexistente.
A estratégia política de Rodrigo Manga remete ao modelo da Roma Antiga, onde o Coliseu oferecia distração ao povo enquanto as crises se acumulavam. Seu governo parece seguir essa mesma lógica: encantar a população com entretenimento, evitando o enfrentamento de desafios reais. Essa narrativa pode ser eficaz a curto prazo, mas compromete o futuro da cidade e da própria carreira política do prefeito.
Exemplos recentes demonstram a falta de coerência nas decisões administrativas. Nomeações estratégicas, como a de Hudson Pessini à Secretaria de Turismo, visam apenas assegurar alianças políticas, não a qualificação da gestão. A nomeação de um terapeuta para comandar a Segurança Urbana, em meio a uma crise na segurança pública, reforça essa falta de compromisso com a competência técnica.
Após meses de alertas e denúncias, ficou claro que a gestão de Manga está cada vez mais focada no exibicionismo e na autopromoção. A comparação com a trajetória de Bel Pesce é inevitável: um crescimento meteórico, sustentado em marketing e promessas vazias, sem uma base concreta. A diferença é que, ao menos, Bel Pesce frequentou o MIT, ainda que sua narrativa tenha sido questionável. Já Manga vende uma cidade fictícia, que só existe nos seus vídeos, e ignora a dura realidade de Sorocaba.
Ao ser confrontado com críticas legítimas, Rodrigo Manga escolheu o bloqueio e o distanciamento. A postura de isolar-se de opiniões divergentes reforça a percepção de que sua gestão não está disposta a ouvir a população, tampouco a encarar os desafios com seriedade. No final, sua administração poderá ser lembrada não como um período de transformação, mas como um grande show de ilusão política.
