Em mais um episódio que escancara o desgoverno travestido de carisma digital, o prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), conhecido por suas danças e dublagens nas redes sociais, foi oficialmente tornado réu pela Justiça nesta segunda-feira (12), em uma ação por improbidade administrativa. O caso gira em torno do superfaturamento de R$ 11 milhões na compra de lousas digitais feitas no primeiro ano de seu mandato.
A ação civil pública, movida pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), aponta que a Prefeitura de Sorocaba, sob a gestão de Manga, adquiriu 1.188 lousas digitais da empresa Educateca por valores até 56% mais altos que outras cidades paulistas, como Indaiatuba, que comprou o mesmo equipamento — da mesma fornecedora — por R$ 16,7 mil, enquanto Sorocaba desembolsou R$ 26 mil por unidade.
Além de Manga, o ex-secretário de Educação e atual chefe de gabinete na Secretaria de Relações Institucionais, Márcio Carrara, também virou réu no processo. Ambos são acusados de permitir a contratação superfaturada, que lesou os cofres públicos em mais de R$ 11 milhões, segundo relatório do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP).
“De cada R$ 4 gastos, R$ 1 foi superfaturado. Trata-se de um prejuízo concreto à população”, destaca a promotora Cristina Palma, responsável pela denúncia.
Embora o juiz Alexandre de Mello Guerra tenha inicialmente indeferido o bloqueio de bens e o afastamento de Carrara, uma nova decisão judicial determinou o bloqueio adicional de R$ 11.122.056,00, para garantir o possível ressarcimento ao erário.
Justiça em Alerta
A Justiça entendeu que há indícios claros de dano ao erário, com base na análise técnica do TCE-SP. A corte apontou que o contrato firmado com a Educateca apresentava “potencial incompatibilidade de preços com o mercado” e indicou um esquema de compras públicas que privilegiava valores elevados, sem justificativas plausíveis.
A promotora ainda alertou para o risco de desaparecimento de bens durante o processo:
“Havendo a multiplicidade de agentes envolvidos e o vultoso valor do prejuízo, torna-se indispensável a indisponibilidade dos bens para que não se torne ineficaz o provimento judicial.”
Mais Um Escândalo
Este não é o primeiro escândalo financeiro envolvendo o nome do prefeito Rodrigo Manga. Em 2023, ele já havia sido alvo de bloqueio de bens em outro processo, dessa vez relacionado à compra de kits de robótica.
Apesar disso, Manga tem tentado manter uma imagem de “homem do povo” nas redes sociais, com vídeos descontraídos no TikTok, onde busca ofuscar as denúncias com coreografias e desafios virais. Entretanto, a realidade da cidade aponta para um gestor que prioriza likes em detrimento da lisura administrativa.
Silêncio e Negação
A Prefeitura de Sorocaba e a empresa Educateca negaram qualquer irregularidade no processo de compra das lousas digitais. Contudo, até o momento, não apresentaram justificativas técnicas convincentes para os valores pagos acima do mercado.
O ex-secretário Carrara também segue atuando normalmente no governo Manga, mesmo após o MP solicitar seu afastamento imediato por possível interferência nas investigações.
Enquanto isso, a população de Sorocaba continua enfrentando problemas reais na educação, saúde e transporte público, enquanto assiste à administração municipal dançar no ritmo do descontrole e da má gestão.
A novela do superfaturamento das lousas digitais segue. Mas agora, com o prefeito tiktoker oficialmente no banco dos réus.