Em mais um capítulo lamentável da política sorocabana, o vereador Rafael Militão (Republicanos), suplente que assumiu a vaga graças à nomeação do titular Vinicius Aith para uma secretaria na Prefeitura, quer agora limitar o poder de fiscalização da própria Câmara Municipal. Militão, que não foi eleito diretamente pelo voto popular, tenta aprovar um projeto de resolução que restringe o número de perguntas que cada vereador pode fazer ao Poder Executivo.
A proposta surge após o vereador Ítalo Moreira (União Brasil) encaminhar cerca de mil questionamentos sobre problemas graves na cidade, como a ausência de obras, questões de trânsito, manutenção de praças, entre outros. Ao invés de exigir mais eficiência e transparência da Prefeitura, Rafael Militão — que pertence ao mesmo partido do prefeito Rodrigo Manga — resolveu agir para blindar o Executivo e dificultar a vida dos vereadores que cumprem seu papel de fiscalizar.
Caso essa medida absurda seja aprovada, a Câmara de Vereadores de Sorocaba terá sua função constitucional de fiscalização esvaziada, prejudicando diretamente a população que depende de seus representantes para cobrar soluções do poder público. Na prática, os vereadores seriam impedidos de fazer a quantidade necessária de questionamentos sobre os inúmeros problemas que afetam os bairros, reduzindo drasticamente a capacidade de atendimento às demandas dos munícipes.
O impacto seria ainda mais cruel para os parlamentares que já enfrentam resistência da Prefeitura em serem atendidos, como é o caso do vereador Dylan Dantas (PL). Dantas vem recebendo diversas denúncias da população sobre a falta de roçagem em várias áreas da cidade, chegando a mais de 200 dias de descaso, com flagrantes de abandono por parte do poder público. Com a proposta de Rafael Militão, vereadores como Dylan, que lutam para dar voz à população, teriam ainda mais dificuldades para exercer seu mandato e cobrar respostas.
A tentativa de limitar as prerrogativas da Câmara é um retrocesso e evidencia uma clara submissão do Legislativo ao Executivo, comprometendo o equilíbrio entre os poderes e, principalmente, a defesa dos interesses da população. A cidade de Sorocaba merece vereadores atuantes, com liberdade para fiscalizar, cobrar e denunciar irregularidades — não um parlamento acuado, manietado e impedido de trabalhar.
Rafael Militão, que ocupa uma cadeira sem ter passado pelo crivo das urnas, deveria respeitar a importância e a autonomia do Legislativo, ao invés de agir como um braço auxiliar do prefeito Rodrigo Manga. A democracia se fortalece com fiscalização, transparência e participação, não com censura e limitações.
A população sorocabana precisa ficar atenta e cobrar que a Câmara rejeite essa proposta autoritária, que não atende aos interesses públicos, mas apenas protege o Executivo e reduz a capacidade dos vereadores de cumprir sua missão constitucional.


