Giulia Pansarini Maganhato, filha do prefeito de Sorocaba, abre empresa com capital social de R$ 30 mil para vender curso estrelado pelo pai, que tem bens bloqueados pela Justiça. Especialistas veem indícios de laranjal e uso da estrutura pública para promoção pessoal.
A jovem Giulia Pansarini Maganhato, recém-formada em Direito, tornou-se personagem central de mais uma polêmica envolvendo o prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos). Apesar de não possuir experiência profissional nem histórico empresarial, Giulia aparece como única sócia de uma empresa criada para vender cursos online — entre eles o curso “Politiktok”, estrelado e promovido exclusivamente por seu pai.
A empresa foi aberta com capital social de R$ 30.000,00, valor incompatível com o perfil de uma jovem sem atividade profissional conhecida. A movimentação levanta suspeitas de que Rodrigo Manga estaria usando a filha como “laranja” para formalizar um negócio próprio, evitando exposição direta enquanto enfrenta processos judiciais e tem seus bens bloqueados pela Justiça.
O endereço da empresa é o mesmo do Partido Republicanos, Av. Sete de Setembro, 903 – SALA 08. O mesmo local foi alvo da operação federal que pegou bens e valores.

Empresa no nome da filha, curso idealizado por outro
O curso vendido na plataforma GMS Hub — que custa R$ 293 — é promovido nas redes pessoais de Manga e promete ensinar a sua “fórmula do sucesso” digital. Porém, relatos indicam que a ideia original do curso partiu de um apoiador de Rodrigo Manga, que teria sido afastado e bloqueado no WhatsApp e redes sociais, após apresentar o projeto. A proposta, com roteiro e metodologia prontos, foi então assumida por Manga, que passou a divulgá-la como se fosse sua criação.
A empresa foi aberta pouco antes do lançamento do curso, formalmente em nome de Giulia, mas todo o conteúdo, marketing e operação visível estão nas mãos do prefeito. O caso tem gerado críticas e alertas de especialistas, que apontam indícios claros de ocultação patrimonial e uso indevido de estrutura pública para fins privados.
Jovem advogada sem histórico empresarial assume responsabilidade jurídica
Giulia, que recém concluiu o curso de Direito, não possui qualquer declaração pública sobre a empresa ou o curso, e também não aparece em nenhuma peça de marketing, vídeo ou conteúdo institucional da empresa. O completo apagamento de sua imagem no negócio, contrastando com o protagonismo do pai, reforça a suspeita de que ela atua apenas como fachada jurídica.
Evitando os bloqueios financeiros do pai que tem todos os seus bens bloqueados.
Uso da estrutura pública para autopromoção
Além da questão empresarial, o curso digital está sendo criticado por se basear em vídeos produzidos durante o exercício do cargo, com participação de servidores comissionados como figurantes, uso de equipamentos públicos e até roteirização feita dentro da prefeitura, segundo denúncias da imprensa local.
Em abril deste ano, uma reportagem do G1 revelou que servidores com salários de até R$ 20 mil foram usados como elenco nos vídeos. Especialistas apontaram possível peculato e improbidade administrativa. O conteúdo, agora transformado em curso pago, teria sido construído com recursos da própria máquina pública.
“Politiktok”: produto com base em notoriedade pública
O curso, vendido por R$ 293, é anunciado no Instagram pessoal de Manga e promete ensinar como produzir vídeos engajados com base em sua trajetória. No entanto, críticos apontam que o sucesso digital do prefeito foi construído com ampla estrutura pública, e transformar essa fórmula em produto comercial ultrapassa os limites éticos da função pública.
Apesar da campanha de marketing e da promessa de “ensinar a viralizar”, não há transparência sobre a quantidade de alunos.