Nesta semana, materializou-se, de forma irrefutável, a total incompetência administrativa e a perigosa aliança entre apadrinhamento político e irresponsabilidade pública no Governo Rodrigo Manga, em Sorocaba. Os protagonistas desta crise são dois nomes que orbitam diretamente o núcleo duro do Prefeito: a Secretária de Cidadania, Ana Cláudia Fauz, e o Secretário de Segurança Pública, Beto Maia.
Ambos são figuras de confiança pessoal do Prefeito, escolhidos não pela capacidade técnica ou histórico de gestão, mas pela amizade e pela lealdade política. Ana Cláudia chegou à Secretaria após ser eleita Conselheira Tutelar com apoio explícito de apoiadores de Manga, enquanto Beto Maia é um amigo de longa data do Prefeito, conhecido por sua atuação no combate às drogas — atuação esta, hoje, completamente desmoralizada pelos fatos.
Na madrugada de ontem, um crime absurdo e simbólico ocorreu dentro do próprio quintal do governo: o estacionamento da Secretaria de Cidadania foi invadido, veículos danificados, peças furtadas e um carro roubado — que só foi encontrado mais de 12 horas depois. Até esse momento, nenhum Boletim de Ocorrência havia sido registrado, uma falha gravíssima que aponta para prevaricação, omissão e descaso com a coisa pública. A motivação para a formalização da ocorrência só veio após a imprensa ter acesso à informação, o que por si só já caracteriza uma tentativa de ocultação e manipulação do fato.
Em áudio vazado, Ana Cláudia afirma preferir Beto Maia ao ex-secretário Alexandre Caixeiro, por considerá-lo “parceiro de verdade”. Um “parceiro” que, segundo ela mesma, destina diariamente uma viatura da Guarda Municipal — que deveria estar patrulhando as ruas — para fazer segurança exclusiva da Secretaria de Cidadania durante a madrugada. Ora, não há sistema de alarme no prédio, não há monitoramento adequado, e a ronda diária se mostrou ineficaz. Como já era previsto, o furto aconteceu.
A incompetência beira o grotesco. Não bastasse o roubo em um prédio público, a tentativa de investigação foi conduzida — pasmem — pela própria ROMU, mesmo que a investigação criminal seja atribuição legal da Polícia Civil. A ROMU, que já teve 10 agentes presos durante esta mesma gestão por abusos, violência e crimes contra suspeitos, parece ter voltado a operar com as mesmas práticas arbitrárias e ilegais que a fizeram alvo do Ministério Público.
Beto Maia, hoje secretário, tem no passado um histórico problemático com a Polícia Civil, inclusive envolvendo um caso de cárcere e sequestro em uma clínica da qual era sócio. Como confiar a segurança de uma cidade a alguém com um histórico tão sombrio?
O episódio desta semana é mais do que um simples caso de furto. É um retrato devastador da falência da gestão pública em Sorocaba, conduzida por um prefeito que confunde lealdade pessoal com competência administrativa, e por secretários que preferem narrativas e discursos vazios nas redes sociais a políticas públicas eficientes e responsabilidade com o dinheiro e o patrimônio público.
O Sorocabano.com informa que levará denúncia formal ao GAECO, por entender que os fatos relatados configuram prevaricação, improbidade administrativa e violação de deveres legais de servidores públicos. Também será anexado o indício de que a ROMU voltou a exercer funções investigativas ilegalmente, colocando em risco a legalidade e a segurança da própria população.
Sorocaba não pode mais pagar o preço do improviso, da incompetência e do populismo travestido de gestão. O tempo dos discursos acabou. Agora é hora de responsabilizar.
