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PF identifica mais de R$ 4 milhões em suposta propina em contratos de transporte e limpeza urbana em Sorocaba

Um novo relatório da Polícia Federal, obtido no contexto da Operação Cópia e Cola, revela indícios de pagamento de propina em contratos milionários da Prefeitura de Sorocaba. Segundo a investigação, empresas responsáveis pelo transporte coletivo e pela coleta de lixo teriam repassado mais de R$ 4,5 milhões a intermediários ligados à administração municipal, em um esquema suspeito de favorecimento em licitações.

O documento analisou dados do celular de Josivaldo Batista de Souza, cunhado de Rodrigo Manga, apontado como operador financeiro do suposto esquema. No aparelho, a PF encontrou registros de uma “contabilidade paralela”, com anotações de entradas de dinheiro identificadas por siglas e abreviações, incluindo referências à City Transportes Urbanos Global Ltda. e ao Consórcio Sorocaba Ambiental (CNSA), responsável pelos serviços de coleta de lixo e limpeza urbana.

De acordo com a Polícia Federal, os lançamentos relacionados à City Transportes somam R$ 1,732 milhão, distribuídos em transferências entre dezembro de 2022 e abril de 2023. No mesmo período, outros registros, identificados como “lx”, totalizam R$ 2,801 milhões e são atribuídos ao consórcio que opera a limpeza urbana na cidade.

Para os investigadores, os valores indicam pagamentos em espécie fracionados, prática comum em esquemas de corrupção para dificultar rastreamento. O relatório aponta que os repasses ocorreram de forma regular ao longo de poucos meses, sugerindo um fluxo contínuo de propina.

Contratos públicos sob suspeita

A City Transportes Urbanos Global venceu em 2021 a licitação para operar o transporte coletivo municipal, um dos contratos mais caros da Prefeitura de Sorocaba. À época, o certame foi questionado pelo Ministério Público de Contas de São Paulo, que apontou irregularidades no critério de julgamento e na concorrência, já que apenas uma empresa teria atendido plenamente às exigências do edital.

O Consórcio Sorocaba Ambiental, por sua vez, assumiu os serviços de limpeza urbana e coleta de resíduos sólidos em contrato de alto valor. A PF observa que os registros financeiros suspeitos surgem após a formalização dos contratos, levantando a hipótese de que os pagamentos seriam contrapartida pelo favorecimento nas licitações e na execução dos serviços.

Envolvimento de agentes públicos

O relatório aponta ainda indícios de participação de agentes públicos, com mensagens sugerindo que Josivaldo tinha acesso interno à Prefeitura e atuava como intermediário entre empresários e integrantes do governo municipal. A investigação indica que os valores pagos pelas empresas poderiam ser destinados, direta ou indiretamente, a servidores com poder de influência sobre contratações e fiscalização dos contratos.

Operação Cópia e Cola

A Operação Cópia e Cola apura um esquema de corrupção em contratações públicas em municípios paulistas. Em Sorocaba, a investigação avançou com mandados de busca e apreensão e a quebra de sigilos telefônicos e digitais de investigados ligados à Prefeitura e a empresas contratadas.

O nome da operação faz referência à repetição de práticas semelhantes em licitações, com indícios de que editais teriam sido moldados para favorecer empresas específicas mediante pagamento de vantagens indevidas.

O Portal Sorocabano procurou a Prefeitura de Sorocaba, a City Transportes e o CNSA, mas não obteve respostas até o momento.

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