Rodrigo Manga não caiu por perseguição. Caiu pelo peso dos próprios atos.
No dia 6 de novembro de 2025, a Justiça Federal determinou o afastamento do prefeito de Sorocaba e influenciador digital Rodrigo Maganhato, o “Rodrigo Manga”. Desde então, uma militância barulhenta tenta vender a narrativa de que se trata de injustiça, conspiração política ou perseguição ideológica. É a velha estratégia de sempre: gritar “perseguição” quando faltam argumentos.
Uma página ligada ao grupo político do prefeito, chamada “Cajuru News”, chegou ao cúmulo de comparar o caso de Manga com a concessão de habeas corpus ao dono do Banco Master. A comparação é intelectualmente desonesta. São situações completamente distintas, em contextos jurídicos diferentes e com fundamentos totalmente diversos. No caso de Manga, não se discute prisão — discute-se afastamento por risco institucional, diante de indícios graves e volumosos.
E os indícios são robustos. Fontes apontam a existência de três volumes de provas reunidos pela Polícia Federal, envolvendo fatos que remontam ao primeiro ano de mandato. Não é um erro pontual, não é um deslize administrativo: é um conjunto de situações que, analisadas em conjunto, desenham um padrão.
A cidade de Sorocaba não entra em colapso com o afastamento de Rodrigo Manga. O vice-prefeito, Fernando, foi indicado por ele próprio. A população votou na chapa, não em um messias. Não há qualquer prejuízo administrativo que justifique forçar o retorno de alguém afastado por decisão judicial fundamentada. O que existe é apego pessoal ao poder.
A defesa de Manga, curiosamente, evita enfrentar o mérito das acusações. Em vez disso, aposta em manobras processuais para questionar o foro da ação, alegando que a Justiça Federal não teria competência. É exatamente a mesma cartilha usada por Lula para enterrar a Lava Jato: não se rebate o fato, ataca-se o juiz; não se explica a prova, discute-se a jurisdição.
Quem é inocente enfrenta a acusação de frente. Quem tem explicação apresenta documentos, contratos, entregas, profissionais, rotina de trabalho. Manga não faz nada disso. Prefere ganhar tempo, fazer barulho nas redes, tentar sobreviver politicamente e, se possível, buscar um cargo de deputado federal para conquistar foro privilegiado e arrastar o processo por 10, 15, 20 anos no STF, até que tudo prescreva.
Mas os fatos são teimosos.
Um dos pontos mais graves da acusação envolve a Agência 2M Comunicação, ligada à primeira-dama Sirlange. A agência funciona no mesmo prédio do partido Republicanos em Sorocaba — prédio pertencente a Marcos Mott, amigo pessoal de Manga, preso na operação de 6 de novembro de 2025.
Quem conhece o local sabe: ao final da escada, há uma pequena sala de vidro, branca, com efeito leitoso. Ali funciona a suposta agência de publicidade. Sem redatores. Sem designers. Sem editores. Sem equipe. Sem rotina. Sem movimento. Ainda assim, essa “agência” recebeu valores impressionantes:
- R$ 214 mil pagos por Marcos Mott
- R$ 750 mil pagos pela irmã de Sirlange, ligada a uma igreja
Total: R$ 964 mil.
Quase um milhão de reais para uma empresa sem funcionários, sem portfólio, sem presença digital relevante e sem qualquer evidência concreta de serviços prestados. A 2M Comunicação não possui LinkedIn ativo, não divulga vagas, não publica campanhas, não exibe cases. Tem apenas seis seguidores. Isso não é compatível com o funcionamento de uma agência que supostamente fatura quase R$ 1 milhão em marketing e publicidade.
E o pagamento feito pela empresa de Marcos Mott, a SIM Park, beira o absurdo lógico. Estacionamentos não fazem publicidade institucional. Não faz sentido. Ninguém escolhe um estacionamento a 5 ou 10 quilômetros de distância porque viu um anúncio. É um serviço de demanda local, imediata e circunstancial. Pergunte a qualquer morador de Sorocaba: alguém já viu propaganda da SIM Park em algum lugar?
Esses fatos, isoladamente, já causariam estranheza. Em conjunto, gritam irregularidade.
Diante disso, Rodrigo Manga e Sirlange não apresentam provas, não mostram estrutura, não exibem profissionais, não demonstram entregas, não abrem contratos, não publicam campanhas. Nada. Absolutamente nada. Preferem atacar a Polícia Federal, questionar o foro, insinuar perseguição política e repetir a narrativa desgastada de que “estão mexendo com gente honesta”.
A ironia é evidente: o mesmo discurso usado quando encontraram “o pedalinho”, as fotos na parede e os recibos mal explicados no sítio de Atibaia. A história se repete porque a estratégia é a mesma.
Quem fala a verdade não teme juiz federal nem estadual. Quem é honesto quer o julgamento rápido, transparente e baseado em fatos. Só teme o mérito quem sabe que ele é indefensável.
Rodrigo Manga não caiu por acaso. Caiu porque, ao contrário do personagem que construiu nas redes sociais, a realidade é menos editável. E contra provas, nem live, nem marketing, nem discurso populista conseguem salvar.
O fim político de Manga não é uma injustiça.
É consequência.



