Nos últimos meses, o bairro Trujilo, em Sorocaba, vivenciou um aumento significativo nos casos de roubos e furtos, trazendo um crescente temor entre os moradores e comerciantes da região. O que antes era um problema concentrado nas áreas residenciais, agora se estende também à movimentada Avenida Washington Luiz. A população local questiona se essa mudança está relacionada à decisão da Secretaria de Cidadania (SECID), que alterou o local de assinatura das carteirinhas, transferindo-o para uma área mais próxima da avenida.
A assinatura periódica dessa carteirinha tem como objetivo monitorar a frequência e a adaptação dos egressos à vida fora do sistema prisional, além de garantir que eles sigam as orientações e as obrigações impostas pelo regime de liberdade.
O Desafio dos Egressos do Sistema Prisional
Antes de entendermos as repercussões dessa decisão, é essencial compreender o conceito de “egresso do sistema prisional”. Um egresso é uma pessoa que cumpriu pena no sistema prisional e que, após sua liberação, busca reintegração à sociedade. Embora o sistema de justiça e a sociedade exijam que esses indivíduos cumpram suas penas, o processo de reintegração social não é simples. Muitos egressos enfrentam dificuldades para encontrar emprego, devido ao estigma social associado a seu passado. Infelizmente, essa exclusão do mercado de trabalho muitas vezes os leva de volta ao crime.
O bairro Trujilo, por exemplo, foi palco de um aumento na criminalidade, e os moradores associam esse fenômeno à presença de egressos na região. A Secretaria de Cidadania defende que a mudança de local de assinatura das carterinhas para a área próxima à Avenida Washington Luiz foi uma medida com o objetivo de facilitar a inclusão social desses indivíduos e de suas famílias. A intenção, segundo a SECID, é garantir o acesso a transporte público e estimular a reintegração dos egressos ao mercado de trabalho. Contudo, a realidade encontrada no local tem sido diferente.
O íncio aconteceu no último dia (31) e já há relato de moradores de furtos pelo telhado e imóveis que nunca foram roubados ou assaltados na região.

Na foto da casa abaixo que está em obras, ferramentas foram furtadas segundo relato de moradores que procuraram o Sorocabano.com


A Reação dos Comerciantes e Moradores
Moradores e comerciantes da região têm relatado um aumento nos furtos e roubos, especialmente após a mudança no local de assinatura dos egressos. A comunidade questiona a decisão, alegando que a nova área é inadequada, principalmente por não contar com um policiamento efetivo. A Guarda Municipal, não possui efetivo suficiente para realizar rondas constantes, o que aumenta a sensação de insegurança de todos na região.
Sorocabano.com enviou à prefeitura, um pedido de esclarecimento, moradores e empresários da região pediram esclarecimentos sobre a mudança, questionando os critérios utilizados para a escolha do novo local. A principal dúvida é se houve estudos técnicos prévios para avaliar o impacto dessa decisão na segurança pública. Além disso, sugerem que o local mais apropriado poderia ser uma área isolada e com policiamento, como o Fórum ou o Presídio do Mineirão, que já contam com a infraestrutura e a Polícia Penal, que poderia garantir mais segurança dos cidadãos.
A Resposta da Secretaria de Cidadania
A Secretaria de Cidadania (SECID) respondeu aos questionamentos da população, esclarecendo que o novo local não se destina aos egressos do sistema prisional, aqueles que já cumpriram sua pena. A SECID reafirma que a mudança foi uma decisão acordada com o Poder Judiciário, com o objetivo de promover a inclusão social desses indivíduos e suas famílias.
A Secretaria também informou que a região escolhida é um corredor comercial, com acesso a transporte coletivo, o que facilitaria o deslocamento dos egressos em busca de oportunidades de emprego. A SECID ressaltou que a mudança busca atender ao princípio de reintegração ao mercado de trabalho e à sociedade, e que a localização tem como principal foco a inclusão social.
A Realidade dos Egressos no Mercado de Trabalho
Apesar da intenção de reintegração, a realidade para os egressos é muito desafiadora. A sociedade, em sua grande maioria, ainda os estigmatiza, dificultando sua inclusão no mercado de trabalho. Empresários muitas vezes hesitam em contratar pessoas que passaram pelo sistema prisional, e isso torna a reintegração um processo mais longo e árduo.
A falta de capacitação, a baixa escolaridade e a falta de apoio psicológico são outros fatores que contribuem para o alto índice de reincidência criminal entre os egressos. Sem uma rede de apoio sólida, muitos acabam cometendo novos delitos, como forma de sobreviver.
Conclusão: A Busca por Soluções
O dilema enfrentado pelos egressos do sistema prisional em Sorocaba é complexo e exige uma abordagem mais ampla e sensível por parte da sociedade, das autoridades e dos empresários. Enquanto o objetivo da SECID é promover a inclusão social e reduzir a reincidência criminal, a população local questiona se a estratégia adotada é, de fato, eficaz, dada a crescente sensação de insegurança.
A solução passa, sem dúvida, pela capacitação dos egressos, pela criação de programas de apoio à reintegração e pela colaboração de todos os setores da sociedade, incluindo o setor privado, para proporcionar oportunidades de emprego. Além disso, é fundamental que as autoridades municipais considerem com mais atenção as demandas de segurança e a infraestrutura necessária para garantir que a reintegração não apenas ocorra de forma segura, mas também efetiva.
Em um cenário de aumento de criminalidade e desafios para a inclusão social, é urgente que a cidade de Sorocaba repense suas estratégias, garantindo que a busca pela reintegração não coloque em risco a segurança da comunidade.