Na noite desta terça-feira (4), moradores do bairro Piazza di Roma, em Sorocaba, se depararam com uma cena que reflete o descaso da administração pública com a população mais vulnerável. Um homem, com dificuldades de fala e aparentemente embriagado, estava caído no chão, sem conseguir ajuda dos serviços de emergência. Ao acionar o SAMU, os moradores foram informados de que o caso não se encaixava nos protocolos de atendimento. Já ao buscar apoio do programa municipal “HumanizAção”, a resposta foi que o atendimento demoraria entre 40 minutos e uma hora.
Após a reportagem, moradores do grupo que denunciaram a demora de atendimento, afirmam que há demora superior de 4 horas nos chamados do Programa HumanizAção da Secretaria de Cidadania.

Diante da demora e da incerteza sobre quem deveria intervir, a comunidade se viu impotente diante da necessidade urgente do homem. Esse impasse expõe uma falha grave na coordenação dos serviços de assistência social e saúde em Sorocaba. A quem compete, afinal, o resgate e o cuidado com pessoas em situação de rua que precisam de atendimento imediato? A falta de clareza na responsabilidade entre o serviço de saúde e a Secretaria de Cidadania revela uma lacuna perigosa no suporte a essas pessoas.
A Prefeitura de Sorocaba frequentemente divulga histórias de sucesso do programa “HumanizAção”, como o caso de José dos Santos, de 64 anos, que conseguiu reconstruir sua vida após duas décadas nas ruas. No entanto, relatos como o da última terça-feira demonstram que, na prática, o atendimento não é tão eficaz quanto se anuncia. Para aqueles que mais precisam, a burocracia e a falta de eficiência do serviço tornam a recuperação um sonho distante.
Enquanto as autoridades locais celebram estatísticas e casos isolados de sucesso, a realidade diária dos moradores de rua continua sendo de abandono e negligência. A Secretaria de Cidadania precisa urgentemente rever seus protocolos e melhorar a integração entre os serviços de emergência e assistência social. A vida de pessoas vulneráveis não pode depender de espera, descaso e promessas vazias.