Prefeito tenta se consolidar como nome viável ao governo de SP e até à Presidência, mas cidade que administra acumula denúncias, crise na saúde e investigação por envolvimento com o crime organizado
O prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), voltou a aparecer em cenários eleitorais para o governo de São Paulo e até para a Presidência da República, conforme a pesquisa divulgada nesta quarta-feira (14) pelo Instituto Real Time Big Data. Nos cenários testados sem o governador Tarcísio de Freitas, Manga figura em 2° lugar para o Palácio dos Bandeirantes e, surpreendentemente, também aparece em 5° lugar na disputa presidencial — à frente de governadores como Ratinho Júnior, Eduardo Leite, Ronaldo Caiado, Romeo Zema e Helder Barbalho.
O que poderia ser um feito político digno de celebração, no entanto, esconde uma realidade bastante contrastante. A ascensão de Manga nas pesquisas tem acontecido em cenários cuidadosamente escolhidos, sempre sem a presença de nomes fortes como Jair Bolsonaro e o próprio Tarcísio. Nos bastidores, cresce a desconfiança de que o prefeito esteja usando levantamentos encomendados e filtrados para forjar uma sensação de competitividade nacional, enquanto sua gestão em Sorocaba se afunda em denúncias e abandono.
Na cidade que governa, o caos é evidente. Médicos da rede municipal denunciam que estão há mais de 100 dias sem receber salários, comprometendo diretamente o atendimento à população. A organização social (OS) responsável pela administração da saúde pública, contratada pela Prefeitura, é alvo de investigações e, segundo a Polícia Civil, possui ligações com o PCC, uma das maiores facções criminosas do país.
Além disso, a própria esposa de Manga, Sirlange Frate Maganhato, foi apontada pela Polícia Federal como peça-chave nos esquemas de corrupção envolvendo contratos públicos. A Justiça determinou o bloqueio dos envolvidos no valor R$ 11 milhões, suspeitos de enriquecimento ilícito e favorecimento de empresas amigas. Mesmo diante dessas acusações, Rodrigo Manga segue se projetando nacionalmente, promovendo sua imagem como alternativa política enquanto Sorocaba agoniza sob seu descaso.
É evidente que o prefeito está mais interessado em alimentar sua ambição eleitoral do que resolver os graves problemas da cidade. Lançando mão de pesquisas estrategicamente montadas, Manga tenta ocupar o espaço deixado pela ausência de lideranças como Bolsonaro e Tarcísio em determinados cenários, simulando viabilidade eleitoral onde ainda não demonstrou estrutura política ou administrativa para tal.
Enquanto isso, os sorocabanos enfrentam o colapso dos serviços básicos, a saúde pública à beira do colapso, e um prefeito que se mostra cada vez mais alheio à realidade da cidade que deveria administrar. Rodrigo Manga quer ser governador e até presidente — mas sequer consegue ser um bom prefeito.
