O ex-secretário de Saúde de Sorocaba, Vinicius Rodrigues, foi indiciado pela Polícia Federal por corrupção passiva. A investigação apura o suposto recebimento de R$ 240 mil em propina no contrato firmado entre a Prefeitura de Sorocaba e o Instituto Nacional de Ciências da Saúde (INCS), organização social que atuou na gestão da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Éden.
De acordo com relatório parcial da operação Sepsis, entregue à Justiça Federal, os dirigentes do INCS teriam repassado o valor ao proprietário do imóvel onde Rodrigues mora atualmente, em um condomínio de alto padrão na cidade. A propina teria sido paga durante a negociação de compra da casa pelo ex-secretário, segundo aponta a Polícia Federal.
Os responsáveis pelo INCS também foram indiciados, mas por corrupção ativa. A organização social recebeu cerca de R$ 60 milhões da prefeitura durante o período em que administrou a UPA do Éden, com contrato assinado em março de 2022.
A Polícia Federal informou que as investigações continuam, com foco nos possíveis crimes de lavagem de dinheiro, peculato e organização criminosa.
Defesa do ex-secretário
Em nota, a defesa de Vinicius Rodrigues disse ter recebido com perplexidade o indiciamento, classificando-o como baseado em “inferências frágeis e suposições dedutivas”. O advogado Edson Asarias afirmou que seu cliente “jamais solicitou, aceitou ou recebeu vantagem indevida” e que a relação pessoal com outros investigados não pode ser usada como prova. A defesa confia que o Poder Judiciário “restabelecerá a verdade e distinguirá o que é fato do que é ficção”.
Prefeitura e INCS
Até o momento da publicação desta reportagem, nem a Prefeitura de Sorocaba nem o Instituto Nacional de Ciências da Saúde se manifestaram sobre o caso.
Histórico da operação
A operação da Polícia Federal foi deflagrada em parceria com a Controladoria Geral da União (CGU) e contou com duas fases, realizadas entre 2023 e 2024. O contrato entre o município e o INCS foi encerrado um mês após a primeira fase da investigação, em novembro do ano passado.
Posteriormente, em dezembro de 2023, o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP) julgou irregular o chamamento público e o convênio firmado entre a Prefeitura de Sorocaba e o INCS para a gestão da UPA do Éden. As irregularidades apontadas reforçaram os indícios de má gestão e possíveis ilícitos no contrato milionário.